Água, uso e conflitos
Por Renan Andrade*
A
água é elemento vital desde as mais remotas civilizações. A grande maioria dos
povoados, cidades, e outros tipos de aglomerações se deram em torno de rios, ou
lagos, mostrando que este bem é de fundamental importância desde os tempos
passados.
À
água é indispensável para todas as atividades que o ser humano venha a
desenvolver, os animais se beneficiam desse bem juntamente com as plantas porém
vale lembrar que este é um bem finito, ou seja, a má utilização deste recurso
importantíssimo que legisla a vida do planeta e dos que dele dependem, pode
trazer trágicas conseqüências para todos.
Muitos
movimentos vem denunciando práticas abusivas sobre a água, que sofre cada vez
mais com a pressão de sua mercantilização, inoperância dos governos e falta de
consciência da nossa geração, perdendo cada vez mais sua qualidade, o que acaba
não satisfazendo as exigências, principalmente de saúde pública. A água deve
manter sua qualidade para manutenção da vida na terra, prejudicar sua qualidade
significa prejudicar as nossas próprias vidas, como no caso de Carapicuíba onde
o governo do estado de São Paulo mandou jogar a lama das obras de limpeza do
rio Tietê, prejudicando todas as formas de uso da água, contaminando peixes
pessoas economia (turismo) e o ambiente.
Existem
casos gritantes como em Lambari – MG, que se situa no circuito das águas e
ainda permanece com a “belíssima” modalidade de lixões, deixando com que todo
chorume ali gerado pela decomposição do lixo percole pelos lençóis freáticos,
rios e lagos da cidade; a Nestlê, empresa multinacional, tem explorado
descontroladamente águas em São Lorenço, também no circuito e hoje financiando
campanhas de deputados na região; não é sem motivos que a família Bush tem
adquirido muitas terras com nascentes no sul do país, justamente para
capitalizar tudo o que vem da natureza e depois legitimar isso em mega eventos
como no caso da Rio +20, encontro que acontecerá no próximo mês onde governos e
entidades que se dizem representantes da sociedade tratarão de estabelecer
regras para a “Economia Verde” conceito moribundo, uma vez que já foi
apropriado pelo capital perdendo assim seu sentido original.
Tudo
isso e mais um pouco é prova de como vem se dando o processo de desenvolvimento
proposto pelo sistema capitalista exploratório, que se encontra numa de suas
piores crises. Grupos que representam os interesses de poucos estão de olho e
quase com as mãos nos recursos estratégicos à vida que ainda existe no planeta,
mas podemos dar outro rumo pra situação, se nós, povos do hemisfério sul e
principalmente da América latina onde se concentram as maiores riquezas destes
recursos, exigirem maior controle social destas riquezas, libertando-se de toda
forma de exploração dos países do hemisfério norte.
Precisamos
nos organizar como estudantes, sindicatos, associações, ONGs, e toda forma de
movimentos sociais, para exigir mais justiça social e ambiental, revertendo
todo o processo de legitimação deste padrão clássico de desenvolvimento que se
diz verde pelo capital. A água e outros bens preciosos devem servir para
satisfazer a necessidade de todos os seres da terra e não ostentar a luxúria de
alguns sádicos pobres de espírito.
“Os problemas do mundo
não podem ser resolvidos por céticos ou cínicos cujo os horizontes são
limitados por realidades óbvias.
“Precisamos de homens e
mulheres que consigam sonhar com coisas que nunca existiram”
*Militante socio-ambientalista