quarta-feira, 30 de março de 2011

Alemanha: fim da energia nuclear ganha força no governo Merkel


Publicado em março 30, 2011 por HC

A coalizão de governo alemão aparentemente quer ganhar de volta a confiança do eleitorado com uma rápida desativação da energia nuclear do país. O secretário-geral do Partido Liberal (FDP), Chris Lindner, pediu nesta terça-feira (29/03) o desligamento permanente das usinas nucleares desligadas pelo governo em caráter temporário. Também na CDU (União Democrata Cristã) cresce o apelo por uma rápida desativação das centrais atômicas.
De acordo com um porta-voz do FDP, Lindner se disse a favor de um acordo imediato com a indústria nuclear para desativar as usinas mais antigas.
Os democrata-cristãos – parceiros dos liberais na coalizão – receberam a sugestão de Lindner com cautela. Um porta-voz do partido lembrou que existe uma moratória de três meses, durante a qual a segurança das centrais nucleares alemãs deve ser verificada. Somente após as avaliações, agendadas para terminarem em meados de junho, o governo alemão deve decidir sobre o futuro das usinas paralisadas.
O assunto é controverso entre os democrata-cristãos. O líder do partido no Parlamento alemão, Volker Kauder, alertou para “decisões precipitadas”. Já o governador da Baixa Saxônia, David McAllister, pediu um rápido desligamento das centrais nucleares. “Devemos renunciar à energia atômica de forma mais rápida do que o planejado atualmente”, afirmou.
O ministro alemão do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, confirmou na segunda-feira ser a favor de que a vida útil das usinas nucleares seja reduzida “o mais rapidamente possível”, contanto que a mudança seja “razoável e economicamente viável”.
Já a oposição social-democrata e verde exige que as oito usinas paralisadas permaneçam desligadas e que o fornecimento de energia restante não seja transferido para instalações atômicas mais recentes.
Mudança de política não evitou derrota nas urnas
Após o início da crise nuclear de Fukushima, no Japão, o governo alemão decidira inspecionar a segurança das 17 usinas nucleares do país e desativar temporariamente os sete reatores atômicos mais antigos da Alemanha. Além disso, a central de Krümmel, pertencente à nova geração de reatores, já está desligada desde 2007, em decorrência de uma série de panes.
A decisão não evitou a derrota dos partidos que compõem a coalizão de governo alemão nas eleições regionais realizadas no último fim de semana nos estados de Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado. As disputas foram vencidas pela oposição, com amplo crescimento do Partido Verde, em campanhas eleitorais marcadas pela discussão em torno da energia nuclear.
Amplo diálogo político
A chanceler federal Angela Merkel anunciou um amplo diálogo político sobre a futura política energética alemã. Além das verificações de segurança das usinas, devem ser realizadas conversações com a oposição, segundo Merkel. A chanceler lembrou a reunião com todos os governadores do país, agendada para 15 de abril, na qual será discutido um rápido desenvolvimento das fontes de energia renováveis.
“Nas próximas semanas vamos debater de forma intensa uma nova política energética”, declarou a premiê. “Isso inclui decisões fundamentais sobre política energética”. Merkel, que é física, reiterou seu apoio à energia nuclear, mas disse que o desastre no Japão a forçou a repensar os riscos associados à tecnologia.
“Minha percepção sobre a energia nuclear se alterou com os acontecimentos no Japão”, disse a chanceler federal. Ela disse que mudou principalmente seu ponto de vista em relação aos riscos envolvidos e ao que pode acontecer.
Reviravolta teria desagradado eleitores conservadores
O conselho empresarial da CDU alertou o partido contra uma saída precipitada. “É preciso observar todo o contexto da economia, segurança e abertura tecnológica”, disse o presidente da entidade, Kurt Lauk. A mudança da política nuclear do governo provocou, segundo ele, a insatisfação de muitos eleitores tradicionais dos democrata-cristãos.
O deputado democrata-cristão Joachim Pfeiffer, especializado em questões econômicas, é contra o fim rápido das usinas nucleares na Alemanha. Segundo ele, a competitividade da indústria do país pode ficar comprometida com o fim da energia atômica. Ele lembrou que atualmente a Alemanha tem 80% de sua energia de fontes não renováveis.
Já o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, atribui a derrota recente do partido nas eleições regionais em Baden-Württenberg à falta de força de persuasão do governo na política nuclear. O político, também democrata-cristão, vê como correta a moratória nuclear determinada por Merkel. “Foi absolutamente correto e necessário reconsiderar nossa posição após os eventos no Japão. Depois de um evento como esse, não podemos simplesmente continuar como antes”, afirmou.
MD/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler
Reportagem da Agência Deutsche Welle, publicada pelo EcoDebate, 30/03/2011
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terça-feira, 29 de março de 2011

Não mexam no código florestal

Líderes de 7 partidos decidem apoiar relatório de dep. Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre o do Código Florestal

Publicado em março 29, 2011 por HC
PMDB, PTB, PR, PP, PSC, PSB e DEM decidem apoiar relatório do Código Florestal relatado pelo deputado Aldo Rebelo
Para presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, possibilidade de alteração do texto não inviabiliza acordo.
O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PPS-RO), afirmou nesta segunda-feira que as bancadas de sete partidos (PMDB, PTB, PR, PP, PSC, PSB e DEM) fecharam acordo em torno do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao Projeto de Lei 1876/99, que altera o Código Florestal Brasileiro.
De acordo com Mendes, o fato de Rebelo ainda estar analisando a possibilidade de alterar o texto não inviabiliza o apoio. “Isso apenas reflete uma demonstração clara de que não estamos de portas fechadas para o diálogo. Tudo o que vier para melhorar será bem vindo”, disse o deputado, ao reconhecer que “parte da proposta será discutida somente em Plenário”.
Posições contrárias
Mantendo posição contrária ao relatório, o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), disse que o partido deverá se reunir ainda nesta semana para encaminhar ideias ao relator.
Já o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), confirmou a reunião de bancada nesta terça-feira (29) para fechar questão sobre o assunto.
Mudanças
Disposto a atender reivindicações feitas pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), por governadores de estado e por organizações não governamentais estrangeiras e nacionais, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) reafirmou hoje a possibilidade de mudar o relatório aprovado em comissão especial no ano passado. Rebelo disse que a ideia é apresentar um texto o mais próximo possível do consenso, para que o Plenário vote pontualmente apenas o que for divergente.
Ele considera possível, por exemplo, acatar o pedido da Contag que trata especificamente dos agricultores familiares. “Eu manifestei simpatia, o que não significa que vai estar no relatório a reivindicação da Contag para reduzir em 50% a proporção de todas as áreas de proteção permanente (APPs) em margens de cursos d’água de até cinco metros de largura (matas ciliares) para os agricultores familiares”, afirmou. Segundo o deputado, a medida protegeria a agricultura familiar e evitaria o êxodo rural desse tipo de produtor.
Com a alteração, o código permitiria aos agricultores familiares explorar as propriedades até o limite de 7,5 metros das margens dos rios. O atual texto do relatório já prevê a redução de todas as APPs em margens de rios de 30 metros para 15 metros.
Rebelo sinalizou que pretende acolher outra reivindicação da Contag, que sugere a simplificação do processo de averbação e de licenciamento de propriedades da agricultura familiar.
Desmatamento
O deputado comentou a intenção de acolher o pedido dos governadores da Bahia, de Pernambuco, do Piauí e do Maranhão para excluir do relatório a chamada moratória do desmatamento, que proíbe, por cinco anos, a criação de novas áreas para a agricultura e para a pecuária. “Eu pretendia proibir o desmatamento durante os próximos cinco anos, mas esses estados alegam que seriam prejudicados no seu processo de desenvolvimento e eu não quero prejudicar ninguém”, completou.
Aldo Rebelo também se mostrou receptivo às sugestões feitas por representantes de uma articulação denominada Diálogo Florestal, que reúne grandes organizações não governamentais tanto estrangeiras quanto nacionais. Segundo ele, após reunião com produtores de papel e celulose e com reflorestadoras, representantes da instituição defendem a manutenção dos atuais limites de preservação das florestas e a criação de condições para regularizar produtores em situação ilegal.
Segundo Rebelo, outras sugestões, encaminhadas pelos ministérios da Agricultura; das Cidades; do Desenvolvimento Agrário; e pelo deputado Sarney Filho (PV-MA), que preside a Frente Parlamentar Ambientalista, também estão sendo analisadas.
Reportagem – Murilo Souza / Edição – Regina Céli Assumpção
Reportagem da Agência Câmara de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 29/03/2011
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segunda-feira, 14 de março de 2011

Uma prova do aquecimento global....

Vale a pena conhecer: Documentário CICLOVIDA



Ciclovida é um documentário narrativo que segue um grupo de campesinos sem terra numa viagem atravessando o continente da América do Sul de bicicleta, na campanha de resgate das sementes naturais.


Os viajantes documentam a dominação dos agrocombustíveis no campo e o deslocamento de milhões de pequenos agricultores e comunidades indígenas.


Cultivos e matas nativas estão sendo substituídos por desertos verdes de monoculturas transgênicas onde nada mais, planta ou animal, pode sobreviver aos agrotóxicos.



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