segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A MATURIDADE SÓCIO COMUNITÁRIA- A Participação Popular.




Ainda não atingimos um nível ideal de maturidade social, por que nos faltam lideranças públicas e uma notória incapacidade de se identificar referenciais sociais, políticos e públicos, que permitam uma mudança que possam melhorar esse estado de apatia popular.
Um exemplo típico e atual é a confusão conceitual verificada no debate sobre a divisão do Estado do Pará...
Ocorrem as tentativa de audiências públicas, de orçamentos participativos etc., todavia o cidadão comum não comparece nas reuniões de deliberação onde tais assuntos relevantes são abordados e que é imprescindível o acompanhamento da sociedade e seus integrantes, pois implica em seu bem-estar, em seu bem-viver e mudanças político-administrativas em seu entorno e vida.
A participação popular é a questão de fundamental importância para nos prepararmos para o crescimento e desenvolvimento pleno e amplo social e comunitário, efetivamente falando.
Precisamos crescer, todavia precisamos, como sociedade, amadurecer antes e tornarmo-nos mais participativos nesse tipo de decisões e não terceirizar tal responsabilidade a políticos, por vezes, muitos deles despreparados ou desprendidos do seio popular, de suas causa, anseios, necessidades e desejos...
Uma vez, Ulisses Guimarães disse que políticos do seio do povo, ainda que analfabetos funcionais, eram a representação genuína da democracia, mas na prática e vendo o que hoje atestamos, será que ele estava certo?
Sim, mas se esses “políticos” não aparecerem, não se mostrarem, não participarem do dia-a-dia de seu meio e comunidade, como saber ser eles o que necessitamos, desejamos e queremos que genuinamente nos represente?

NOVOS RUMOS
A falta de participação e de preparo, por exemplo, é saber-se, mesmo que um pouco, dos rumos que nossas cidades e comunidades tomarão nas próximas décadas.
Muitas vezes, nem se prevê a dinâmica e a dimensão de problemas a se enfrentar com o crescimento das cidades e metrópoles para as próximas décadas!
Mesmo com a capacitação e o preparo de técnicos dos órgãos envolvidos com as questões urbanas, há variáveis independentes que interferem nos planos e projetos elaborados pelos legislativos e encaminhados aos executivos e vice-versa.
As interveniências se devem ao viés das decisões rápidas e pontuais, geralmente não compreensivas, pois têm visões de totalidade e, que muitas vezes visam atender clientelas específicas ou compromissos políticos, que desviam dos reais interesses e necessidades do povo e da comunidade, pela não participação ativa desses que são as peças-chaves e mestras dos planos políticos-administrativos.
Por isso, as decisões açodadas não são globalizantes e visam atender demandas de algum segmento, parte ou grupelhos, devido a omissão ou ao descarte dos desejos mais profundos da sociedade.
Nos últimos anos, muitas comunidades e aglomerados importantes em todas as regiões, ressentiram-se de políticas clientelistas e não globalizadas e/ou globalizantes, ferindo o princípio democrático da gestão para a sociedade daquilo que a ela pertence, não existindo o "do povo, para o povo", em que considera-se que é a totalidade social que, pagando impostos e investindo, fornece os meios financeiros para as administrações municipais, estaduais e a federal para a realização das intervenções necessárias, básicas e de apelo social e a essas, deve-se retornar os “investimentos” pagos antecipadamente, se vermos isso por um ângulo como que financeiro e comercial.

CONSEQUÊNCIAS
Em consequência desse estilo de governar, especialistas, e mesmo a mídia, referem-se a caos urbano e a caos social, quando, pela expansão urbana e rural desmedida, clientelista e por vezes corrupta, temos:
- a saúde e os hospitais públicos ressentem-se da falta de verbas, de equipamentos, de pessoal de apoio, de médicos e meios e formas de acesso e atendimento pronto, rápido e eficiente para atender a população;
- não há escolas e professores suficientes para o sistema educacional de bom nível funcionar de forma desejável, positiva e extensível a todos;
- postos de trabalho novos não são criados no volume da crescente população economicamente ativa e por isso, muitas cidades e regiões se ressentem das altas taxas de desemprego, redundando em ociosidade, aumento de criminalidade, vandalismo e consumo de drogas;
- a segurança pública carece de políticas atuantes, preventivas e com equipamentos, materiais e profissionais aptos, capazes, bem remunerados e de nível, desde militares das forças armadas, policiais civis, militares e autoridades do judiciário etc., fazendo com que paire o ar da insegurança e da impunidade e,
- não menos importante, o transporte coletivo, de massa é insuficiente e precário.
Muitos outros itens se prezam, mas nem vale mencionar aqui, pois já bastam para formar o quadro de um “pré-caos” que na verdade, é histórico e poderá aumentar com a atual crise internacional.
Logicamente, não se prevê o malfadado caos urbano, mas ele pode ensejar que o país se adiante aos eventos e tome medidas preventivas ao desarranjo econômico, que teria consequências nefastas que culminarão nos ombros de futuras gerações, que nessas, incluem nossos filhos, netos, parentes, amigos e as comunidades.
E, nesse quadro, no âmbito de possíveis desastres sócio-comunitários, incluem-se o avanço das drogas e da criminalidade, dos desajustes familiares, dos crimes ambientais, altas taxas de impostos, incapacidades do legislativo, executivo, judiciário, órgãos de segurança, educacionais, assistenciais, ainda mais, quando aliados à corrupção alarmante e devastadora.

O QUE FAZER
Para antecipar-se, temos condições propícias para a formação de organismos e fóruns de políticas públicas.
Essas instituições podem antecipar-se ao que poderá surgir no horizonte, agindo de forma global, social, comunitária e sem ingerências que deturpem os verdadeiros caminhos e destinos de verbas, aplicações, ações e desenvolvimentos de planos, projetos e políticas públicas.
Em outras palavras, deseja-se o retorno ao Planejamento Urbano local e regional visando o bem-estar da sociedade.
Medidas nessa direção podem e devem estar em consonância com a projeção de tendências e mesmo com a antevisão de demandas dos destinatários da gestão urbana – os cidadãos, urbanos ou não, mas que esses devem participar e os Conselhos Municipais são as ferramentas politicamente modernas de atuação e desenvolvimento de programas, projetos e políticas de ação, atuação e prevenção de causas e motivos para se evitar o caos, muito mais, até, do que as Câmaras Municipais, que por vezes, tornam-se inócuas e pervertidas.
Logicamente, os que pensam o futuro devem ter preparo e estar atualizados.
E mais: suas propostas e a respectiva execução não podem tardar, pois, de modo geral, os administradores tendem a encaminhar soluções de forma esparsa e ao sabor do momento político que se apresenta, muitas vezes, como o que a sociedade civil organizada reclama, mas essa “sociedade civil”, poucas vezes estão bem e hegemonicamente representadas por conta da falta de participação popular e, ao contrário, as câmaras, por terem representantes pagos e seguirem ideologias partidárias, também nem sempre seguem os verdadeiros anseios popular, social e comunitário, reforçando-se o feudo e grupos de interessados e interessantes aos governantes.
Daí, o que se propõe e executa atende aos interesses de grupos ou clientelas e fogem de forma a não atender e atingir democraticamente toda a sociedade, principalmente os mais necessidades, carentes e, os ignorantes e analfabetos funcionais.
Logicamente, os pensadores dos Conselhos e /ou fórum de debates e de ideias, não deverão estar em torres de marfim, distanciados da realidade e do cotidiano.
Pelo contrário, deverão estar conectados com o mundo ao seu redor com profundo senso de humanidade solidária e consciência da nossa história social e política.
Será para a sociedade em geral e para os desvalidos em particular que a sabedoria técnica e científica deverá operar, pois “A essência da democracia é a igualdade” (Paul Singer).
Se as grandes cidades se expandem e se tornam desafiadoras para a gestão urbana, sobretudo para atender à ampliação das demandas coletivas, caberá aos governantes auscultarem os desejos da sociedade para atender o chamado da solidariedade e do compromisso com a totalidade sócio comunitária, mas essa sociedade, essa comunidade, esse povo e cidadãos, têm que se fazerem presentes nas determinações das ações a serem desenvolvidas em seu entorno, em seu meio socioambiental.

AS DÚVIDAS
Para a efetiva participação popular, cabe saber, como fazer com que isso ocorra, desviando sua atenção do futebol, das novelas, do carnaval, da fórmula 1, dos big-brothers, dos feriados prolongados, da ociosidade programada e induzida que nos conduzem à apatia e inércia político-participativa, pois assim: “A punição que os homens de bem sofrem quando se recusam a tomar parte, é viver sob o governo dos maus” (Platão).
Participar é a solução, pois só assim, ganhamos o direto a cobrar e reclamar.

Dez./2011 - Tenente Alberto                                                                                                                                                  Lambari/MG

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