sábado, 17 de dezembro de 2011

TICO TICO CABOCLO

Tico-tico foi na festa
Que tinha no povoado
Quebrou o chapéu na testa
Calçou um sapatão furado
Vestiu calça arranca toco
E um paletó emprestado
para um tico-tico caboclo
Ele estava bem trajado.

Tico-tico chegou no terreiro
Festeiro o foi receber
Quem é você forasteiro?
E o que veio aqui fazer?
Se é que sabe cantar
Canta que eu quero ver.

Tico-tico engraçado
ciscou terra do chão
Ali meio desengonçado
Fez sua apresentação
Pra cantar não tenho teclado
viola nem violão
Sou nascido no cerrado
Sou criado no sertão
Pra quem não sabe quem eu sou
o Ticão é meu avô
e o Tiquinho é meu irmão.

Ali deram gargalhadas
Para a passarada foi festa
O pássaro preto na escada
Falou pra sua orquestra
Como é engraçado
Ouvir piada de quem não presta

Tico-tico escutou
Jogou o chapéu no chão
o pássaro preto ele peitou
Chamou de sem educação
Como você é ingrato!
Já dormiu no meu colchão
Deixou lá dois pretinhos
Os quais criei com carinho
Tu nuncas pagaste pensão.

A vaia foi geral
O pássaro preto envergonhado
Pediu perdão ao tal
Admitiu que estava errado
Agradou o tico-tico
Pra voltar la pro cerrado
Logo tem outra festa
Pra cantar na minha orquestra
Você já está convidado

Tico-tico era malandro
A estrada não quis pegar
O que ele tinha de tonto
Era a cara e o jeito de andar
Tico-tico voltou pra festa
O humor ele não perdeu
Quero cantar e quero dançar
Vou te mostra quem sou eu
Pra vocês irei tocar
Tico-tico no fubá
De Zequinha de Abreu.

                                                                                                                                 Luiz Clemente Pereira



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